avaliação

Interação e interatividade

Com as transformações cada vez mais instantâneas das tecnologias a interatividade surge como uma nova possibilidade de comunicação homem-máquina e homem-máquina-homem, pois ela proporciona, não somente na internet, mas em outros âmbitos como o cinema, a tv, o celular, os videogames e outros recursos tecnológicos, que o espectador, o internauta, o aluno, enfim, sejam mais que apenas receptores, mas se tornem participantes ativos daquele meio. Ao mesmo tempo, devemos entender o significado do conceito de interatividade para então poder compreender todas as possibilidades proporcionadas por esta forma de comunicação. Hoje, fala-se muito sobre sites, softwares e jogos interativos, diz-se que um site interativo é aquele que atualiza seu conteúdo em tempo real, tem ícones clicáveis textos quebrados ou mesmo enquetes. Mas será que realmente isto é interatividade? Machado, 1990, chama isto de reatividade, pois ao espectador (passivo) não resta nada a não ser reagir aos estímulos a partir das respostas que a ele são permitidas. Então o que é a interatividade realmente e quais sua vantagens para a educação e mais precisamente na avaliação?

Quando se procura compreender o conceito de interatividade, outro conceito surge nas buscas que são realizadas na internet, nos artigos, nos livros e nas revistas, é o conceito de interação. Alguns pesquisadores usam a interatividade e a interação como conceitos idênticos/sinônimos, outros pesquisadores entendem que são conceitos diferentes, mas que se complementam.

A interação diz respeito ao comportamento das pessoas em relação a outras pessoas e sistemas. É possível que só podemos proporcionar experiências de aprendizagem significativas se a solução educacional projetada for, antes de tudo, interativa. Isso significa disponibilizar uma interface que possibilite interação e, mais do que isso, oferecer atividades de aprendizagem que exijam do aluno interação com conteúdos, ferramentas e com outras pessoas. (Filatro Andréa, 2008)

Assim, como Filatro, entende-se aqui, que a interação depende da interatividade no âmbito tecnológico. Um software, site ou mesmo objeto de aprendizagem que possui uma boa interatividade irá conseqüentemente proporcionar uma boa interação.

Suely Fragoso (2001) diz que o termo interatividade surgiu nos anos 60 e é derivado do neologismo inglês interactivity. Denomina o que os pesquisadores da área de informática entendiam como uma nova qualidade da computação interativa, presumindo a incorporação de dispositivos de entrada e saída como o teclado e as impressoras. Complementando, para Sheizaf Rafaeli (1988), a interatividade é fruto de um conjunto de características, como a bidirecionalidade, resposta imediata, controle do usuário, quantidade de ações do usuário, respostas (feedback), transparência, entre outras, no entanto, se consideradas isoladamente não garantem o caráter interativo da comunicação.

Já o conceito de interação, sabe-se que é mais antigo que o de interatividade, segundo autores a interação surge quando há comunicação entre duas ou mais pessoas. Para distinguir bem a diferença entre interação e interatividade devemos entender que a interatividade é a comunicação entre homem-máquina mediada por uso das TICS (Tecnologias da Informação e da Comunicação).

Quanto a Interação no âmbito educacional, costuma-se olhar para ela no viés da Epistemologia Genética de Piaget, que valoriza a interação entre sujeito e objeto, tornando-se interacionista. Assim, a teoria piagetiana é de grande interesse para os estudos sobre a interatividade para a educação e a comunicação mediada por computador. Esta teoria, também chamada de teoria construtivista, na área tecnológica vem dando nome a diversos softwares que se dizem construtivistas e possuidores de interatividade, quando na verdade eles não passam do uso de objetos clicáveis, ou mesmo do apontar e clicar. Neste sentido, se faz necessário compreender os estudos de Piaget e a perspectiva construtivista, uma vez que se propõem a desenvolver softwares que permitam essa interatividade.

Para Piaget,1996 "Os conhecimentos não partem, com efeito, nem do sujeito (conhecimento somático ou introspecção) nem do objeto (porque a própria percepção contém uma parte considerável de organização), mas das interações entre sujeito e objeto, e de interações inicialmente provocadas pelas atividades espontâneas do organismo tanto quanto pelos estímulos externos" (Piaget, 1996, p. 39). Logo, o conhecimento é construído interativamente entre o sujeito e o objeto. Na medida em que o sujeito age e sofre a ação do objeto, sua capacidade de conhecer se desenvolve, enquanto produz o próprio conhecimento. Por isso a proposta de Piaget é reconhecida como construtivista interacionista.
Portanto, quando pensarmos a interatividade deve-se lembrar que a aprendizagem de acordo com Piaget ocorrerá na interação que o sujeito terá com objeto, que pode ser desde um livro, um caderno, um site, um software ou um Objeto de Aprendizagem (OA). Logo esta interação deverá ser mediada por uma interatividade que possibilite esta comunicação.

Portanto, no momento de realizar a avaliação, o professor deve levar em conta os critérios de interação e interatividade que o aluno desenvolveu durante o curso ou aulas, seja com o ambiente, com os colegas, com tutor e com o professor.

REFERÊNCIAS:

FILATRO, Andrea. Design instrucional contextualizado: educação e tecnologia.
São Paulo: Ed. Senac São Paulo, 2003.

FRAGOSO, Suely . Representações espaciais em novos mídias. In: Dinora Fraga da Silva; Suely Fragoso. (Org.). Comunicação na Cibercultura. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2001, v. 1, p. 105-115.

MACHADO, Arlindo. A arte do vídeo. São Paulo: Brasiliense, 1990.

Piaget, J. (1996) Biologia e Conhecimento. 2. Ed. São Paulo, SP: Vozes

RAFAELI, Sheizaf. Interactivity: From new media to communication. In: Sage Annual Review of Communication Research: Advancing Communication Science Vol. 16. Sage: Beverly Hills, 1988. p. 110-134